Talvez nada disto seja verdade.
Álvaro faz tudo o que pode para tentar resgatar a rapariga
que se está a transformar em estátua.
- Não desistas, não desistas assim tão facilmente. Diz-me
que não foi para isto que chegaste até aqui… não, não digas nada, LUTA, não me abandones,
fala comigo, não deixes de lutar. Sinto que começaste, de novo, a esquecer e eu
devo gritar bem alto para que me escutes.
O marinheiro grita e consegue despertar a jovem daquele
torpor.
- Sinto-me tão estranha! Por momentos deixei de saber
em que parte de mim estavam guardados os sentimentos e os sentidos. Não sei se falo
ou não falo. Esta esfera que finge obedecer-te ainda me mantém refém. Tenho a língua
presa, pesam-me as pálpebras, a boca está seca e os lábios ficam ainda mais colados
de cada vez que te aproximas de mim. Sou eu que falo? Não sei se falo ou não falo,
tu não respondes. Estás apavorado com um olhar de quem receia não ser capaz de recordar
o tempo das nossas conversas.
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